O Futuro de Gabriel Jesus – Um pouco de Ronaldo, Tardelli e Aubameyang
Gabriel Jesus surgiu como uma das grandes promessas do futebol brasileiro. Atacante habilidoso, driblador, muito rápido, capaz de definir o jogo com ambas as pernas e com um pensamento à frente dos demais. Tamanhas qualidades o ajudaram a fazer inúmeros gols nas categorias de base e criaram muita antecipação para a sua estreia no profissional.
Quando temos um talento tão bruto assim é importante perceber qual é o seu verdadeiro potencial e entender como ele deve jogar. Oswaldo Oliveira não entendeu.
O.O. refutou em colocar G. Jesus em campo e, quando colocou, o usou de maneira errada: G. Jesus foi posicionado por O.O. jogando de centroavante, de costas para o gol. Suas principais tarefas eram fazer o pivô dentro e fora da área e disputar bolas de cabeça. O resultado? G. Jesus não rendeu e começaram a existir dúvidas quanto ao seu potencial.
Marcelo Oliveira tinha uma ideia diferente para G. Jesus: Diego Tardelli. O atacante ex-Galo nunca tinha se firmado como camisa 9, até que Cuca o colocou para jogar como extremo direito em 2013:
Nessa função, Tardelli apostava na sua velocidade para atacar de frente para o gol, infiltrar na área e brilhar. Ele teve que aprender a marcar e recompor junto ao lateral. Cuca o ensinou e Tardelli viveu os melhores momentos da carreira.
M. Oliveira tentou copiar esse estilo com o G. Jesus. Assim como Tardelli, G.Jesus sabe recompor, prefere jogar de frente e pode apostar na velocidade para se destacar. Funcionou muito bem nos primeiros jogos — Cruzeiro e Joinville — mas depois Gabriel Jesus caiu. Por quê?
O motivo é simples: como M. Oliveira não conseguia implementar a movimentação desejada na equipe e nem reter a bola, G. Jesus se preocupava mais em marcar do que em atacar. E, como estava sempre à beira da lateral, ele não tinha tempo e fôlego para chegar na área.
A função do G. Jesus ficou mais próxima de um meia aberto — como o Douglas Costa, por exemplo — do que de um atacante e isso era muito prejudicial ao seu jogo. 1º porque não conseguia finalizar, 2º porque G. Jesus verticaliza as jogadas, ele não cadencia o jogo e nem é um armador de jogadas. Seu lance é o gol. E se ele está longe do gol não vai render.

O mesmo problema contra o Oeste: jogando em cima de um trilho de trem na esquerda e sem entrar na área. Aí fica difícil definir o jogo.
Com as movimentações coordenadas do Atlético-MG do Cuca, Tardelli conseguia escapar dessa armadilha e entrar na área. O natural, então, seria Cuca replicar o mesmo jogo com o G. Jesus, certo? Não necessariamente.G.Jesus pode jogar como Diego Tardelli, mas ele tem potencial para fazer mais do que isso.
G. Jesus é melhor finalizador do que o Tardelli, bate com as duas pernas, é muito mais habilidoso na hora do drible e tem um movimento corporal muito mais fluído para enfileirar zagueiros, vide o gol contra o Rio Claro. Lembra outro jogador: Ronaldo.
Não pense no Ronaldo de 2002, mais pesado após as lesões no joelho. Pense no Ronaldo do Barcelona, ainda magrinho, mas jogando como centroavante, liso, móvel, driblando e metendo muito gol.
Hoje em dia, por algum motivo besta, temos a mania de colocar atacantes rápidos pelos lados. Mas não percebemos que, se eles não são armadores, isso mata o seu jogo! Definidores tem que jogar perto do gol para definir o jogo! É ali onde o seu drible, velocidade e pensamento rápido é fatal!
Cuca entendeu isso e deu liberdade para o G. Jesus flutuar por todo o ataque, pegar o jogo de frente e ter a chance de driblar e marcar gols. O resultado é que ele vem jogando muito bem, foi essencial contra Rosário, Corinthians e São Bernardo e, acredito eu, que definirá o jogo contra o Santos.

São Bernardo: movimentação por todos os lados do campo e finalizando de dentro da área. Ali, Gabriel Jesus é fatal.
Cuca já deu a deixa na última entrevista coletiva: não vai cair na armadilha de colocar o G. Jesus do lado do campo só porque ele é veloz.
“O Gabriel Jesus tem todos os predicados de um centroavante. Ele disputa a 1ª bola, ele tromba, ele cabeceia, ele, trabalhado, faz essa função também. Pode sim ser uma tônica futura, ou, futura bem próxima”.
Mas, peraí, isso significa que ele jogará de costas para o gol, como fez o Oswaldo? NÃO!!! A ideia do Cuca é usar o G. Jesus mais perto do gol, mas ele não terá o papel de jogar de costas e trombar. É por isso que temos o Alecssandro tomando porrada no meio. Eles jogam de costas e dão a bola para o Gabriel avançar em velocidade.
Quer uma amostra de como isso pode funcionar? Veja o Aubameyang no Borussia. Também é móvel, leve, habilidoso e centroavante. Tudo isso sem jogar de costas para o gol.
Com as voltas do Dudu, Cleiton Xavier e Barrios o Cuca terá que quebrar a cabeça para fazer isso funcionar. Barrios não recua tanto quanto o Alecssandro. Dudu e Cleiton não marcam como Allione e Robinho.
Para manter G. Jesus como centroavante e direcionar a sua carreira para Ronaldo, Cuca terá que manter o 4–4–2 e jogar com Dudu e Cleiton pelos lados — mesmo sabendo que eles não marcam tanto.
Outra alternativa, mais defensiva, é colocar o Dudu de 2º atacante, pedir para ele voltar como o Alecssandro tem voltado e jogar com Allione / Zé Roberto na esquerda.
Mas se o futuro de G. Jesus ser Diego Tardelli, eu aposto em um 4–3–3 com Dudu e G. Jesus flutuando entre os 2 lados e o Barrios jogando centralizado. Dudu e G. Jesus não deverão jogar próximos à lateral, eles terão que deixar o corredor aberto para Egídio e Jean e jogar móveis por dentro, entrando na área para finalizar. Cuca precisará conscientizar o Barrios que ele tem que voltar para fazer o pivô no meio, como o Alecssandro. E o Dudu precisará ter a consciência de equipe que o G. Jesus já tem. O time precisará jogar mais compacto do que hoje.
Vamos torcer. Por hora, nem todos estão de volta do DM e continuamos com G. Jesus no ataque e próximo da área. Não como Tardelli, mas como Ronaldo.
O Santos que se cuide.
#AvantiPalestra
Autor: Vitor Amos
Muito boa a análise! Acho que G Jesus tem mais de Ronaldo conforme a análise do que de Tardeli. Características de Aubameyang também são parecidas. Só penso que Jesus precisa aprender a dar a cavadinha com naturalidade frente a frente com goleiros adversários e melhorar a finalização da entrada da área que é potente, mas perde bastante em precisão comparando com as finalizações colocadas dele. Garoto com potencial imenso!!!
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