Análise Tática – Vitória 2×0 Bahia
O Vitória, no Barradão, deu um importante passo para a conquista do Campeonato Baiano de 2016 ao vencer o arquirrival Bahia por 2 x 0. Dessa forma reverteu a vantagem, que antes era do adversário. Agora, o rubro-negro poderá perder por até um gol de diferença no jogo de volta para ser campeão.
Em campo, um jogo bem equilibrado no qual o Bahia iniciou buscando tomar as rédeas da partida, diferente do que esse colunista que vos escreve pensava. Após o primeiro gol, o Vitória equilibrou a partida e obrigou o Bahia a sair mais ainda para o jogo, deixando espaços no sistema defensivo e oferecendo o contragolpe para o Vitória.
Vamos ver na imagem abaixo como as equipes se postaram em campo:
Observando as linhas vermelhas, o Vitória esteve postando no seu 4-2-1-3 (tradicional 4-3-3), enquanto o Bahia foi a campo no 4-1-2-3 (conhecido também como 4-3-3 triângulo invertido, pelo desenho formado com os três jogadores de meio campo).
Agora vejam a mesma imagem, porém com as linhas demonstrando os combates individuais, onde laterais pegam os pontas, os volantes os meias e as duas equipes possuem um zagueiro na sobra. A diferença está no meio campo, pois enquanto o Vitória atuou com dois volantes e um meia, o Bahia jogou com um volante e dois meias. É importante não confundir posição com função. Apesar de três volantes de origem em campo (posição), Juninho e Danilo Pires cumprem a função de meia.
A equipe rubro-negra não fez uma de suas melhores atuações, porém soube aproveitar as duas oportunidades e teve chances para realizar um placar mais elástico na segundo etapa. O Bahia, entretanto, teve a iniciativa na maior parte do duelo, mas não conseguiu criar chances reais de gol.
O time adversário tem uma grande dificuldades de criar, principalmente por não ter meias de origem em campo. Juninho e Danilo Pires que tentam cumprir a função, renderiam muito mais atuando como volantes. Além disso, Thiago Ribeiro nem de longe mostra ser aquele jogador de antes. Mas enfim, vamos voltar para o nosso.
No primeiro tempo, Willian Farias, Leandro Domingues, Marinho, Diego Renan e Ramon estiveram abaixo do que podem render e o Vitória acabou sentindo isso. Farias melhorou muito na segunda etapa, Domingues apareceu um pouco mais, Marinho criou uma boa oportunidade mas acabou optando pela finalização ao invés de dar o passe, assim como Vander. O Bahia continuava insistindo em busca de diminuir o placar, mas as chances eram apenas através de bolas alçadas na área.
Uma estratégia que funcionou bem para o Vitória foi o posicionamento de Leandro Domingues. Nas bolas paradas do Bahia, o meia se posicionava na intermediária, e conseguiu em várias oportunidades sair com a bola dominada para armar o contragolpe, errando o passe final.
Vejam como Domingues se posiciona na intermediária, enquanto Marinho e Vander abrem nas pontas. A ideia é Domingues arrancar e buscar os pontas para um rápido contragolpe. A jogada por pouco não funcionou.
Mais sobre o posicionamento de Domingues:
Quando a equipe não tem a posse, Domingues vem se posicionando um pouco à frente da segunda linha, formando em muitas oportunidades um 4-4-1-1. Acho prejudicial ter o jogador mais técnico da equipe tendo uma obrigação forte de recompor, não tendo fôlego para fazer o que mais sabe, pensar o jogo. Domingues não conseguiu desequilibrar, mas é um jogador que preocupa qualquer adversário e Mancini está sabendo posicioná-lo corretamente. Outro ponto positivo desse posicionamento, é que ele não fica centralizado o tempo todo, indo até o centro buscar o jogo e dificultando a marcação adversária.
Quem não se lembra da raspadinha de cabeça de Dinei para Maxi? Algo semelhante acontece também no time atual. Kieza sobe para disputar de cabeça visando as infiltrações de Marinho e Vander pelos lados.
Olha quem apareceu novamente… O homem surpresa mais uma vez se colocando em posição de finalização. Independente do jogador que atue por ali, o segundo volante do Vitória tem a função de aparecer na frente para dar opção. Isso se chama “modelo de jogo”. Destacamos essa função exercida por Amaral em jogos anteriores, com Marcelo na partida contra o Náutico-RR e novamente com Amaral no clássico, autor de mais um gol pelo Vitória.
O Vitória possui mais alternativas, tanto entre os titulares como nas opções do banco, em relação ao Bahia. Poderia ter conseguido uma vantagem ainda maior para o jogo de volta. A tendência, na partida de volta, é que tenha ainda mais espaços para jogar, já que o rival precisa vencer por dois gols de diferença.
Autor: Cássio Santos
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