Análise Tática: River-PI 1×2 Remo – Série C 2016
A primeira vitória veio, com muitas dificuldades contra o River-PI, dentro do estádio Albertão. Vindo de uma péssima atuação contra o ASA dentro de casa, o Leão precisava correr atrás do prejuízo. E conseguiu. Com velhos problemas apresentados, mas desta vez sendo eficiente quando preciso, o time azulino arrancou os gols necessários na bola parada e em um contra-ataque, garantindo sua primeira vitória na competição.
Buscando ainda o entrosamento ideal e aproveitando as estreias de Jussandro e Edno, Marcelo Veiga manteve a base que vinha tentando executar a proposta nos dois primeiros jogos: partindo do 4–2–3–1 como posicionamento inicial, com Michel Schmöller alinhado com Yuri, Fernandinho à direita, Allan Dias à esquerda e Eduardo Ramos centralizado na linha de três e Edno como centroavante.
Marcelo Veiga escolheu manter a mesma postura da partida contra o Cuiabá fora de casa, adiantando a marcação e jogando com intensidade e velocidade nos 20 primeiros minutos para surpreender o adversário e tentar um gol. Novamente a estratégia funcionou, desta vez com o gol de Brinner. A partir daí, houve um recuo que proporcionou dificuldades, haja vista que o River acertou a marcação adiantando as linhas e deixando que os passes trocados pelo Remo fosse entre os zagueiros.
Conhecedores da deficiência azulina ao sair para o jogo, os piauienses bloquearam os laterais e volantes, encaixotando o time e pressionando a dupla de zaga com Diego Lira. Assim, o primeiro passe ficou comprometido, forçando um recuo excessivo de Eduardo Ramos, que por sua vez, acabou gerando um espaço que não foi ocupado na entrelinha adversária na intermediária ofensiva.
Linhas de passe bloqueadas, gerando dificuldades para a saída de bola azulina. Desta forma, o River-PI conseguiu anular Schmöller e Yuri e cresceram na partida.
Outra visualização dos encaixes que ocorriam na saída de bola do Remo
Quando conseguia sair para o jogo, a equipe de Marcelo Veiga realizava boas triangulações, principalmente após a entrada de Levy. Os encaixes individuais do River geraram espaços que Fernandinho e Levy souberam aproveitar muito bem. O gol da vitória foi gerado a partir de uma perseguição do lateral a Fernandinho, gerando o espaço necessário para o avanço de Levy no corredor direito do ataque.
É importante destacar que os espaços deixados por Amarildo e Rogério contribuíram muito para gerar situações de 3 contra 2 ou 2 contra 1 no ataque do Remo. Por diversas vezes foi possível identificar buracos e descompactação que, de maneira inteligente, foram ocupados por Fernandinho e Eduardo Ramos.
Remo em ação ofensiva. Os espaços gerados pela descompactação do River-PI e pelas perseguições longas souberam ser aproveitados.
Porém, nem tudo são flores. No segundo tempo, Veiga recuou demais a equipe. O entrosamento ainda não é o ideal, logo, os movimentos ainda nãio fluem com naturalidade, gerando erros que quase custaram a vitória. Com a entrada de Lucas Garcia, esperava-se uma melhor consistência, mas a confusão nos modos de marcação permitiu a criação de inúmeras oportunidades.
O time não sabia até que ponto eram necessárias as perseguições, não havendo coberturas eficientes. Com a movimentação de Fabinho pelos flancos, Lucas Garcia balanceava para o lado da bola e o espaço às suas costas era sempre ocupado por um jogador do River, já que Schmöller entrava na área para cortar cruzamentos e Yuri era sobrecarregado.
Falta de coordenação nos movimentos gerou espaços laterais e sobrecarregava jogadores. Ação defensiva no segundo tempo precisa ser melhor treinada para que o adversário possa ser neutralizado.
As transições ofensivas foram um problema pela falta de intensidade e planejamento. Temos que ter saídas para desafogar. Fernandinho descia e já não tinha fôlego. Eduardo Ramos e Edno idem. Chamar o adversário para si em déficit físico foi uma estratégia arriscada demais para o atual estágio do Remo. Pior: em fase de construção de um time organizado e sem táticas para a solução de problemas.
Veiga gosta de recuar e “sofrer”. Mas se a proposta for segurar o resultado fora de casa, o mínimo que se espera é que haja coordenação e automatismos sincronizados para que a pressão adversária seja minimizada e neutralizada. O Remo ainda peca pela falta de treinamentos conceituais. A periodização tradicional apresenta defeitos e isso vem cobrando um preço na Série C. A vitória de ontem veio mais na sorte do que no juízo. Ontem ela estava conosco, mas ainda é muito pouco apostar no acaso em um campeonato tão equilibrado.
Autor: Caíque da Silva
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