Análise Tática: Remo 1×1 ABC – Série C 2016
A partida no Mangueirão contra o ABC-RN foi a terceira do Remo em seus domínios, e a terceira sem conquistar uma vitória. Os resultados incomodam em termos de pontos, porém, ver a falta de criatividade ofensiva, a má execução de alguns princípios e a ausência de ações por parte do nosso (ex) treinador geram enormes preocupações acerca da conquista dos objetivos traçados para o campeonato.
Marcelo Veiga optou por manter o 4–2–3–1 tradicional como posicionamento inicial azulino. Promoveu a estreia de Wellington Saci, colocando-o como extremo esquerdo do ataque. A linha de três era completada por Eduardo Ramos centralizado e Allan Dias à direita. A dupla de volantes segue a mesma, com Michel Schmöller e Yuri. Edno é o centroavante.
Dentro de casa já foram jogados 270 minutos de futebol e o Remo marcou apenas 1 gol. Reflexo da falta de mobilidade ofensiva e de repertório para criar jogadas que propiciem finalizações. A entrada de Saci como extremo mostrou-se um erro, já que ele estava visivelmente sem ritmo e não conseguia recompor e marcar as subidas de Filipi Sousa. Assim, sempre havia superioridade numérica do ataque do ABC sobre Fabiano. Antes do gol, três jogadas já haviam sido criadas da mesma forma naquela região do campo.
Faltou equilíbrio e cobertura defensiva eficaz para brecar os avanços nos corredores laterais e suprir a falta de condicionamento físico de Saci. Esse vem sendo um problema crônico do Remo atuando como mandante. Os jogadores não têm a leitura de jogo necessária para determinados momentos da partida. Isso significa que os treinamentos não vêm sendo satisfatórios, pois as tomadas de decisões dos nossos atletas e a capacidade de interpretação dos problemas do jogo não estão sendo resolvidos de maneira eficiente.

Saci como extremo não funcionou. A falta de condicionamento prejudicou sua recomposição e fazia com que Filipi Sousa tivesse liberdade para avançar ao ataque.
Percebendo o erro, Veiga sacou Fabiano para a entrada de Ciro, trazendo Saci para a lateral esquerda. Conseguiu conter os avanços do lateral e resguardou Saci, não tendo que avançar e recuar sempre, já que as subidas de Levy são constantes. Assim, Ciro gerava amplitude na esquerda e Levy na direita, tendo Allan Dias como suporte e oferecendo apoio. Os volantes ficavam na contenção, pouco avançando para serem opções de passe e triangulação.

Posicionamento em ação ofensiva. Levy praticamente como ponta para alargar a defesa e Ciro estático na esquerda.
Dois problemas ainda se repetem: falta de mobilidade e descompactação. A falta de mobilidade ofensiva é enorme. Jogadores parados que não oferecem opções, não se desmarcam, não entram em profundidade. Isso faz com que a marcação encaixe e não permita nenhuma criação pelo centro. A postura de não ter os volantes participando ativamente do ataque tem prejudicado, pois não há penetração nem infiltração que quebre o sistema defensivo. Time estático contra defesas bem montadas não permitem jogadas trabalhadas nem situações de gol. Nosso único gol foi em bola parada nos três jogos.

Falta de mobilidade faz o ataque ser improdutivo. Apenas Eduardo Ramos busca movimentar-se para quebrar a marcação.
Já a descompactação ocorre porque Eduardo Ramos “cola” no ataque e os volantes não participam das ações de construção de jogadas. Dessa forma, um buraco na região central faz com que as segundas bolas sejam sempre do adversário, pois o Remo explora a ligação direta. Não há como evitar isso com a equipe jogando com mais de 20 metros entre os setores. Essa falha ocorre principalmente no segundo tempo, tendo que buscar resultados. Um recuo de pontas e meia com um avanço dos volantes resolveria esse problema, mas Marcelo Veiga não demonstrava conhecimento nem visão para entender e enxergar a questão.

buraco na intermediária ocupado apenas por jogadores adversários. Equipe “longa” no campo gerava ligações diretas sem efeitos práticos.
A equipe ficou devendo mais uma vez. Carece de princípios ofensivos e defensivos para um melhor rendimento. Marcelo Veiga não soube enxergar e, muito menos, treinar a equipe para essas questões. Demonstrou incompetência dentro de casa e merece ser cobrado por isso. Os jogadores, por sua vez, necessitam entrar em sintonia coletiva. Perceberem que sem movimentação, dificilmente conseguirão furar bloqueios e criar situações de 1 x 1 e não terão possibilidade de marcarem gols.
Um terço de campeonato se passou. Nossa colocação indica que os resultados nos ajudam e mostram quão incompetentes somos ao não estarmos liderando o grupo. 1 gol em 270 minutos de futebol nos deixa na quarta posição, no meio do bolo. Que a execução do modelo seja melhor treinada para que nosso rendimento aumente e os resultados melhorem.
Autor: Caíque da Silva
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