Análise Tática: Vitória 3×2 Sport – Campeonato Brasileiro 2016
Descrente! Essa é a palavra que simbolizava o sentimento do torcedor rubro-negro para a partida diante do Sport, no Barradão. O Vitória não podeendo contar com suas duas principais peças: Marinho e Kieza, além do time não ter conseguido mostrar regularidade durante a competição, eram os motivos que faziam o torcedor acreditar pouco no resultado positivo.
O triunfo por 3 x 2 trouxe alívio pela equipe somar mais três pontos. Entretanto, o sinal de alerta continua liga evidenciando a necessidade de contratações. No quesito tática, o técnico Vagner Mancini optou por voltar a utilizar o esquema com três zagueiros, que havia dado certo contra o Grêmio no Rio Grande do Sul, porém, nada de 3-5-2 como é de praxe se escutar/ler.
O esquema de jogo com maior predominância foi o 3-4-3, muito usado no momento ofensivo onde o time tinha a posse de bola e precisava atacar o adversário. Na imagem acima é possível observar Dagoberto atuando como referência, mas com liberdade para se movimentar. Sem tantas obrigações defensivas, foi possível vê-lo participando mais. Mancini optou por utilizar T. Real na ponta esquerda (as vezes invertia com Vander), mas o jogador pouco produz atuando nesta função.
Sem a posse de bola, ficava muito evidente a primeira linha composta por cinco jogadores, os três zagueiros Kanu, Ramon e Victor Ramos, com os dois lateais ou alas Diego Renan e Euller. Mais à frente Farias e Amaral, com Vander, Tiago Real e Dagoberto no ataque formando uma espécie de 5-2-3. Entretanto, como a marcação do Vitória acontece por encaixe individual (linhas vermelhas), com a movimentação dos atletas adversários isso mudava e muitas vezes virava uma bagunça.
O rubro-negro baiano começou bem e criou chances de abrir o placar. Apesar do começo interessante do Vitória, o Sport balançou as redes primeiro. Matheus Ferraz, após mais um cochilo do sistema defensivo do Vitória que já soma 18 gols sofridos em 12 jogos, abriu o placar.
No flagrante acima, Victor Ramos vê Matheus Ferraz em seu postado, mas opta pela linha de impedimento, porém, sai atrasado, enquanto Farias na parte superior também daria condições de jogo para o zagueiro adversário. Faltou ainda a pressão no portador da bola para dificultar a visão de jogo e o lançamento.
A reação do Vitória começa, de verdade, aos 23 minutos quando Everton Felipe foi expulso. Com um a mais em campo e precisando virar a partida, Mancini tinha que fazer alguma coisa. Naquele momento, mais do que nunca, não poderia ficar com três zagueiros e dois volantes marcadores em campo. Varias eram as possibilidades: Colocar um centroavante, um meia e outras. Mancini optou pela saída de Amaral (como pedi através do twitter no momento da expulsão) e a entrada de Nickson.
Amaral estava atuando numa faixa crucial do campo e, por diversas vezes, tinha a possibilidade de finalizar ou dar o último passe, mas não o fazia com perfeição por não ter características para tal. Por isso meu raciocínio foi por sua saída. Mancini pensou semelhante e colocou Nickson para dar essa visão de jogo e fazer a bola rodar para os lados.
Com um jogador a menos, o Sport tentou se fechar no 4-4-1, apenas com Diego Souza à frente das duas linhas. Por outro lado, o Vitória buscava dar amplitude com Tiago Real e Diego Renan, visando espaçar a defesa adversária para uma bola por dentro (como a imagem mostra o espaço que Vander tinha para a diagonal), ou uma bola alçada na área.
Quando o adversário está compactado em seu sistema defensivo, uma das alternativas é dar amplitude e fazer a bola correr de um lado para o outro, visando encontrar o espaço. O Vitória voltou a utilizar esses conceitos, com ultrapassagens, movimentação…. Isso se deu muito pela boa fase que vive Euller, que conseguiu ser uma ótima opção pela esquerda, ultrapassando e aparecendo como opção. Apesar de Diego Renan não ir à linha de fundo nem por decreto, o time rubro-negro passou a ter apoio pelos dois lados, variando suas jogadas ofensivas.
Agora vamos a alguns problemas: Pelas circunstâncias que o jogo apresentava, eram os zagueiros que tinham a bola nos pés para armar o jogo (como Kanu na imagem acima). Eles, principalmente Kanu e Victor Ramos, erraram muito e isso precisa ser trabalhado por Mancini. Zagueiro também pode e deve armar o jogo.
Outra questão é que a equipe passou a cruzar muitas bolas na área, mas não tinha um centroavante de ofício. Claro que o lógico seria Mancini ter colocando um atacante de área para tentar aproveitar os cruzamento, mas neste caso concordei com o treinador em não ter promovido a entrada de Rafelson naquele momento, com obrigação de decidir o jogo (sua entrada mais tarde me fez ver que tinha razão, assim como Mancini). Percebi que o time tinha condições de encontrar o gol com os atletas que estavam em campo, principalmente pelos espaços que estavam sendo encontrados.
O gol de Vander após cruzamento rasteiro de Diego Renan e a virada com Euller após passe de Farias, vieram para coroar o volume de jogo que vinha tendo o Vitória. Nickson ampliou de cabeça e mesmo com 2 jogadores a mais em campo, o time ainda conseguiu levar mais um gol, mostrando que o problema não está em ter 2 ou 3 zagueiros e sim na falta de concentração e mecanismo defensivo.
Reforçar o elenco é preciso e já passou da hora. O time está de parabéns pela luta em campo, mas a diretoria precisa fazer sua parte e não se acomodar pelo resultado positivo. Nós criticamos mas também sabemos elogiar, então, desta vez, um vídeo sobre os bons momentos ofensivos do Vitória na partida:
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